17 novembro 2012

Em busca de uma cura

E cá estou, de volta aonde pensei que não retornaria, de volta com a tristeza que eu senti da primeira vez que você partiu, estou sentindo tudo como da primeira vez, se não estivéssemos em novembro eu juraria que estava revivendo o que eu senti de final de janeiro a maio. Em diante eu já não sentia mais, mal lembrava de você, apenas alguns flash-backs em uns milésimos de segundos que nem chegavam a me afetar, passando voando pela minha memória, muitas vezes quase imperceptíveis. Maio passou. Veio junho trazendo com meu aniversário a minha última esperança, mas você sequer se lembrou de me dar os parabéns. Eu nunca disse isso, mas eu fiquei esperando o dia todo, ansiando por qualquer sinal, em qualquer lugar, afinal era meu dia, você teria que vir falar comigo, mas não veio, os parabéns e as felicidades de quem eu mais desejava não vieram. A meia noite chegou, levando sua chance de me parabenizar em tempo, coloquei enfim uma pedra em cima de você! Os dias foram passando, trazendo as semanas, consequentemente os meses, eu já podia dizer que estava curada, e eu acreditava fielmente nisso. Julho chegou, assim como Agosto, Setembro... Ah eu já me sentia curadíssima! As vezes alguns dias os flash-backs passavam e me lembravam rapidamente, lembrança boa, mas já não doía, as vezes o coração acelerava ao ver uma foto sua, uma saudadezinha batia, mas era só isso, era apenas sentimento bom, sentimento passado. Em um desses dias vieram me dizer que você também sofreu, eu não acreditei, mas não consigo negar o quanto fiquei feliz e o quanto eu queria que aquilo fosse realmente verdade. Saber que eu não fui a única até compensaria os dias nos quais eu tive que sorrir como se nada estivesse acontecendo mas meu peito estava em prantos, vazio. Mas me recompus, afinal eu estava curada! Por fim chegou outubro, e já no seu início tive a notícia que eu temi escutar por todos esse tempo: você viria. Percebi que eu estava mesmo curada, mas assim que meu coração disparou, e as borboletas em meu estômago acordaram, vi que eu ainda precisava de uma manutenção com o tratamento. Por fim pensei que poderia ser apenas curiosidade de como seria te ver depois de tantos meses sem notícias. Sim, era só curiosidade, que bobagem a minha pensar que eu não tinha conseguido a cura.
Mas para insistir em me provar do contrário, logo após, checo minhas mensagens e lá estava você. Ah como eu senti vontade de te matar ao ler aquelas palavras que quase me sufocaram: "que saudade de você =((" como se não bastasse as malditas você ainda me manda uma cara de triste tentando me fazer pensar que você realmente estava. Sem coração, mentiroso, você nem sonha o quanto isso me afetou! Mas ao responder eriçei meus espinhos, peguei as pedras que eu usei para me defender do mundo por todo esse tempo, tentei usá-las, e as usei, mas você nem pareceu percebeu o tamanho da armadura que eu carregava, você para acabar de vez com elas ainda disse que queria me ver. Aí não teve jeito, mas ainda mantive a guarda em pé, se pensou que eu desistiria fácil estava incrivelmente enganado, eu lutei bravamente nesses meses e não seria qualquer palavrinha a toa que faria eu largar minhas armas.
Fiquei ansiosa desde então, esperando o dia em que você chegaria, eu mal dormia, eu só sabia pensar nisso. Então recebi a notícia que já estava aqui, tínhamos um aniversário em comum pra ir, eu fui no final, e chegando lá meus olhos te procuravam em todos os cantos, eu tentava disfarçar a minha necessidade mas já era impossível. Não te vi, e o que eu tanto temia aconteceu, fiquei triste ao receber a notícia de que você passava mal e tinha ido embora. Já tinha me acostumado com a ideia de que você teria desistido de reaparecer, pensei que assim seria mesmo melhor; mas de repente vejo você descendo do carro, vindo em direção, as minhas pernas já não me obedeciam, elas insistiam em balançar freneticamente. Você passou longe, e eu forçava os meus olhos para não te acompanharem, eu estava em prantos e mal conseguia disfarçar. Quando te enxerguei vindo em minha direção meu coração quase pulou pra fora do peito, as borboletas estava revirando o meu estômago procurando por saída, e eu lutava pra me recompor, você veio me cumprimentar e eu mal consegui lhe dirigir a palavra, engasguei, cuspi um oi desajeitado. Fiquei com medo de desabar ali mesmo, meu chão caiu, me bateu uma tristeza sem tamanho ao perceber que eu jamais me curei, a minha vontade era chorar. Você reapareceu e com você veio tudo aquilo que eu achei que tinha me livrado, os flash backs rápidos vieram em forma de novela, a dor que eu consegui fazer virar sentimento passado me chicoteava o peito, latejava, e tudo isso estava exposto no meu rosto. Eu já não tinha forças nem para me recompor, você percebeu, pergunto porque estava triste e eu apenas sorri e disse que estava enganado, mas eu sabia que não tinha mais forças para te convencer. Você tentou uma conversa, mas eu mal conseguia pensar em alguma palavra, eu nem prestava atenção nas que você dizia, eu estava no chão. Você se afastou e eu continuei sem reação, minha vontade era de chorar, gritar, correr, fugir de tudo aquilo que estava me dominando e acabando comigo, porém só continuei a forçar um sorriso pro mundo. Você sentou bem na minha reta, maldito, apenas dificultando o meu disfarce, eu não olhava, não precisava, os olhos de minha amiga narravam cada passo teu aos meus ouvidos, só não me pergunte quais eram pois eu mal conseguia me concentrar. Você me chamou para sentar do seu lado, disse que queria conversar, eu tive que forçar as minhas pernas a se movimentarem sem cambalear até o outro lado, e fui, arrastando-as, meio atordoada sentei, você continuava a puxar assunto mas eu estava fora de mim, eu já não sabia o que estava fazendo, concordava, respondia apenas alguns "sins", "nãos", "ahans". Você insistiu em perguntar por que o motivo do meu silêncio, não obtendo resposta alguma. Eu estava fora de mim, eu mal pensava, era como se eu estivesse vendo a cena da nossa conversa do lado de fora do meu corpo, apenas assistindo a louca pálida atordoada tentando se disfarçar. Você me disse que sentiu saudades, a minha boca sequer mexeu, permaneci em silêncio, lutando para não deixar você me dar o golpe final, me lembrando de respirar. Você continuou a sua conversa, palavras que eu nem lembro quais foram, mas no meio delas escutei a palabra beijo, lutei pra conseguir prestar atenção e me livrar de tudo aquilo que estava na minha cabeça. Se bem escutei você pediu um beijo, eu mal conseguia lembrar aonde estava e você estava me pedindo um beijo, eu mal tinha forças pra respirar, como te beijar? Eu nem lembrava como se beijava naquele momento, eu estava em qualquer lugar, menos em mim. Você ficava relembrando nossos primeiros encontros, cada detalhe, cada cara, cada roupa, cada palavra e eu mal conseguia lembrar nossos nomes. Eu mal lembrava como falar, eu apenas escutava, atordoada a cada chicotada que suas palavras me davam. Eu queria te beijar, mas eu não tinha forças para nenhum movimento, fiquei estática, olhando pra frente enquanto com o canto dos olhos via que você me olhava, você estava tão perto e eu tão longe. Você insistindo em relembrar me disse que estávamos desse jeito antes do nosso primeiro beijo, eu com o rosto um pouco virado e você me olhando, esperando por algum sinal. Senti vontade de chorar, de gritar o quanto tudo aquilo tava doendo, eu que achei que estava curada me vi arrastando, implorando por ajuda. Você continuava falando e eu mal conseguia escutar, eu estava literalmente fora de mim, arranjei forças para virar levemente meu rosto em sua direção, e quando você me beijou a minha vontade era te bater, te odiar pro resto da minha vida por esfregar na minha cara que eu não estava curada porra nenhuma! Nunca! Aquilo era um insulto, meus pensamentos berravam a minha idiotice, perguntando o que eu fiz com a cura que eu tanto soltava ao mundo. Por Deus, eu achei que estivesse curada! Depois de tanto tempo eu estava te beijando de novo, e foi uma sensação que palavra alguma chegaria próximo de conseguir explicar, sim, as nossas bocas estavam juntas e eu mal acreditava, não era real. Mas logo após eu fiquei ainda mais triste, eu fiquei arrasada, eu tinha chegado no fundo do poço, eu nunca me curei, os remédios só me enganaram, eu senti aquilo que eu jamais pensaria que sentiria quando te visse, eu podia ter sentido alegria, amor, realização, felicidade, eu poderia ter sentido até ódio, mas eu senti tristeza. Como uma banho de água fria vi que tudo aquilo que eu pensei ter me livrado, todos os momentos, todas as lembranças voltaram, surgiram gigantes em mim. Eu lembrei de tudo, de cada momento, de cada palavra, de cada beijo, cada abraço, lembrei inclusive de cada lágrima que eu derramei e cada dia que o vazio me tomou. Eu estava acabada, surrada, desesperada, inconformada! Mas o que mais acabou comigo foi a sensação de você nunca ter ido embora, de sentir que esses meses nem existiram. Por que eu sentia aquilo, por que eu sentia como se aqueles 8 meses e 14 dias de sofrimento nunca tivessem existido, porque eu esqueci deles assim que eu te vi? Por que? Me diz!
Mas assim como dizem que tudo o que é bom dura pouco, 7 dias depois eu tive que voltar a realidade, você se foi novamente, levando com você toda a minha leveza e me deixando apenas com as armas. E cá estou eu, montando novamente a minha armadura e seguindo de volta a batalha, continuando pela busca de uma cura.

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